quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A Cultura que Forma e Transforma

A cultura que forma e transforma


Quando pensamos em cultura, logo nos vem à cabeça um leque de definições. Procuro não me ater a ele. Busco nas lições tiradas em nossas discussões e na apreensão dos debates, uma nova forma de tocar a compreensão de cultura ou de uma política para ela. Assim, elegi uma e com a qual podemos refletir em especial: a cultura que efetua formação e transformação na vida das pessoas. Neste sentido, buscarei traçar caminhos que nos aponte portos mais seguros que garantam uma ampliação do leque de escolhas e, assim, de aumentar a liberdade livre das pessoas na definição de seus fins.

Isso pode significar que não há uma substância chamada cultura e como tal, o que é cultura para um, pode não ser a mesma coisa para outro. O importante aqui, é imaginarmos que não há uma acumulação de cultura, onde as pessoas se tornem donos dela e que detenham o domínio sobre todo e qualquer conceito. Assim não há indivíduo que tenha mais cultura que outro. Mais ainda, acredito que uma pessoa culta tenha menos oportunidade de viver a cultura do que uma pessoa, dita, inculta.

Visitando os escritos do filósofo Renato Janine Ribeiro, percebo em sua descrição que a pessoa que freqüenta museus, cinemas, teatros, etc. o grau de novidade de uma obra cultural, a mudança que ela proporciona, pode estar perto de um grau zero. Com esta constatação, imagino que isto quando ocorre é como se estivesse esgotando a sua capacidade de ampliar estoques. Será isso mesmo? Enquanto, diz o filósofo: “ uma pessoa virgem em cultura pode ter um vasto território a expandir. Daí que uma política de cultura deverá incluir, nomeadamente, os visionários da cultura; ou seja, os cultos. Neste caso se incluiria uma grande parte dos freqüentadores e dos criadores da cultura. Todavia, numa política que devemos traçar neste debate para que possamos garantir, também, a participação imprescindível, dos ditos, não cultos; ou seja, a inclusão daqueles que têm pouco acesso aos bens culturais, as suas obras de arte e assim esteja mais esvaziado e possa com isso, absorver muito bem a importância que esta obra cultural venha a ter na sua formação e quiçá na sua transformação.

As nossas intenções são boas, não sabemos se alcançaremos os objetivos de uma definição de cultura que busque em seus efeitos o que ela tem de importante nas vidas das pessoas. De todo modo, a busca é trazer para perto destas reflexões algo que se aproxime e promova um caráter fortemente libertador, que ao mesmo tempo em que possa produzir uma redução da importância (como sendo a única) de uma hierarquia das obras de arte ou da cultura erudita. Mas, que possam promover o acesso de pessoas ainda não providas desse” privilégio” ao conhecimento e mais que isso, do reconhecimento.

O acesso a cultura, dessa forma descrita, não significa que apenas mais pessoas freqüentem museus, cinemas, teatro etc, mas que cada vez mais, mais pessoas definam seus fins e que sejamos, apenas, os facilitadores dessa condição. Pretende-se que se tenha uma política de cultura que garanta com que as pessoas tenha cada vez mais experiências intensas para a ampliação de perspectivas e amplificação de seus contatos com que é de novo; ou seja, as pessoas possam se reconhecer dentro de sua cultura sob outro ponto de vista social: ser um ser liberto e não apenas numérico, estatístico. Compreender a política de cultura que agregue valores, que traga maior liberdade. A cultura liberta e promove mais opções de vida saudável com qualidade; isto é, uma qualidade que vai muito além da quantificação estatística. Cultura recheada de Valores humanos, condição sine qua non para a construção de perspectivas sociamente igualitárias.

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